Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a AIDS. Do começo da epidemia nos anos oitenta aos dias atuais, muita coisa mudou. De uma doença que "pouco tinha a ver com as mulheres" - pelo menos era assim que boa parte da comunidade científica acreditava - à feminização da AIDS, muitos avanços, conquistas e desafios. Mas as pessoas vivendo com HIV ainda sofrem discriminação e preconceito. Está na hora de acabar com isso, pois já se sabe muito sobre a doença, como se transmite e hoje é possível viver com HIV e ter uma boa qualidade de vida. Claro que isso ainda depende de uma série de fatores.
Vejamos.
Fazendo um passeio pela história da AIDS, vemos que no início dos anos oitenta uma doença misteriosa preocupava autoridades em saúde pública nos Estados Unidos. Em 1982, a comunidade científica adota para essa doença o nome "Doença dos 5H", representando Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos e Hookers (nome em inglês para profissionais do sexo).
O primeiro caso de Aids no Brasil data de 1980, embora só classificado em 1982 em São Paulo. É nessa época o conhecimento do fator de possível transmissão por contato sexual, por uso de drogas ou exposição a sangue e hemoderivados.
Em 1985 surge no Brasil e América Latina a primeira Organização Não-Governamental a trabalhar na luta contra a AIDS: Grupo de Apoio a Pessoas Vivendo com AIDS - GAPA/SP. E em 1986 atendendo às reivindicações e pressão dos movimentos sociais é criado o Programa Nacional de DST/AIDS, pelo então ministro Roberto Santos.
É em 1987 que a Assembleia Nacional de Saúde, com o apoio da Organização das Nações Unidas, transforma o 1º de Dezembro em Dia Mundial de Luta contra a AIDS, para reforçar a tolerância, a solidariedade e a compreensão em relação às pessoas soropositivas.
Entre o diagnóstico e notificação do primeiro caso de Aids no Brasil e os dias atuais registra-se uma longa história com significativos avanços para as pessoas que convivem com o vírus HIV: produção de AZT, prevenção da transmissão vertical, medicamentos disponibilizados na rede pública de saúde, quebra de patentes, racismo como fator de vulnerabilidade para a população negra (2005), Brasil reduz em 50% a transmissão vertical, inauguração da primeira fábrica estatal de preservativos do Brasil e a primeira do mundo a usar látex de seringal nativo (2008, Xapuri/AC) etc.
Nesse 1º de Dezembro, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, "o número de casos de AIDS é maior entre os homens quando comparado às mulheres. De 1980 a junho de 2011, foram identificados 397.662 (65, 4%) casos da doença no sexo masculino e 210.538 (34,6%) no sexo feminino".
Veja gráfico abaixo:
Gráfico: G1.globo.com/graficos |
Já faz muito tempo que a AIDS está entre as mulheres. Na verdade, desde os primeiros anos a epidemia se constitui como uma realidade para as mulheres. E o crescimento de casos entre mulheres tem aumentado. É o que vem sendo chamada Feminização da AIDS. Segundo o Plano Nacional de Enfrentamento à Feminização da AIDS, alguns fatores de vulnerabilidade devem ser considerados, entre eles os componentes socioeconômicos e culturais que estruturam as desigualdades entre mulheres e homens. O machismo que impede o uso da camisinha, a violência doméstica e sexual contra mulheres e meninas, a discriminação e o preconceito contra raça, etnia, lesbianidade e bissexualidade são expressões dessa desigualdade. A seguir, vários links onde você pode obter mais informações. Seguimos junt@s lutando para enfrentar a AIDS. Toda solidariedade às pessoas que vivem com HIV.
Documentário inédito fala sobre mulheres que contraíram Aids
Programa Nacional/Ministério da Saúde
Projeto fotográfico retrata preconceito e estigma em relação à Aids
Plano Nacional de Enfrentamento à Feminização da Aids
Número de novos casos de Aids no Brasil cai em 2010
O estigma alimenta o HIV
Nenhum comentário:
Postar um comentário