terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

No jogo da violência, não há vencedores!


Reproduzimos release sobre o Bloco do Laço Branco, que desfila em seu 11° aniversário consecutivo.

No jogo da violência, não há vencedores!
Bloco de carnaval abre as atividades da Campanha do Laço Branco em 2014. O desfile será na quinta-feira, dia 27 de fevereiro, a partir as 16 horas, concentração na Praça do Arsenal.

“No jogo da violência, não há vencedores!”. Este é o lema da Campanha Brasileira do Laço Branco em 2014. No ano da Copa no Brasil, o Núcleo de Pesquisas em Gênero e Masculinidades (Gema) da UFPE, a ONG Instituto PAPAI e o Núcleo Pernambuco da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO-PE) vão às ruas para alertar a população masculina sobre a importância do envolvimento masculino em ações pelo fim da violência contra as mulheres.
“Violência contra as mulheres é um problema de todos e todas, portanto o enfrentamento desta questão deve envolver tanto mulheres como homens, em ações que possam dar visibilidade ao problema e para pensar medidas preventivas e coersitivas. Além disso, é necessário reconhecer que se existem muitos homens que cometem violência, há um número muito maior daqueles que rejeitam qualquer forma de violência e discriminação contra as mulheres”, disse Benedito Medrado, professor da UFPE e um dos fundadores da Campanha no Brasil.
A primeira ação de visibilidade pública da Campanha é o já tradicional “Bloco do Laço Branco”, que desfila desde 2004 pelas ruas de Recife e Olinda, mostrando que diversão e lazer também combinam com cidadania. O Bloco do Laço Branco está em sua décima primeira edição, sendo pioneiro em utilizar o período carnavalesco para falar de violência contra a mulher aos foliões do sexo masculino, incentivando a abraçar a causa não só no Carnaval, mas durante o ano inteiro.
“O bloco Laço Branco vai levar a todos/as a tradição da cultura pernambucana, como forma de resistência simbólica a toda forma de violência contra as mulheres. A copa também pode ser um momento de celebração cívica e de reflexão sobre nossos problemas”, declarou Sirley Vieira, um dos coordenadores do Instituto PAPAI.
Durante o trajeto, ao som de uma orquestra de frevo, serão distribuídos 10 mil fitinhas da campanha, leques, adesivos e materiais informativos sobre a Lei Maria da Penha.
“Reconhecemos com pesar que a violência contra as mulheres é um problema persistente em nosso Estado, portanto entendemos que é dever da Psicologia Social trabalhar no enfrentamento e sensibilização sobre o tema. Toda ação é política e todo dia é dia de combater as diversas formas de opressão de gênero”, disse Fernanda Ximenes, coordenadora da ABRAPSO-PE.
Esta é a primeira, mas não a única ação. Ao longo do ano, será desenvolvido um Plano de Ação que envolve ainda ações comunitárias, ações em escolas, empresas com contingente expressivo de homens, cursos de formação para profissionais que atuam na rede de enfrentamento à violência contra a mulher, pesquisas e diversas ações de comunicação.
A Doutora em Gênero, Telma Low, representante do Gema/UFPE na campanha, disse que “Nosso grupo vem pautando continuamente a importância da prevenção e combate à violência contra as mulheres dentro do espaço da Universidade, como uma questão teórica e política. Assim, através da formação, pesquisa e extensão problematiza a temática e contribui para que estudantes de graduação e pós-graduação, homens e mulheres, se impliquem nessa causa”. Esta ação também integra o Plano de atividades do projeto Diálogos para o desenvolvimento Social em Suape.

Números
§  Têm-se verificado uma evolução significativa no número de registros da Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), na comparação com o ano de 2011. De 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2012, foram 732.468 atendimentos pelo Ligue 180, o que representa uma média de 2.000 registros por dia. A média mensal foi de, aproximadamente, 61 mil atendimentos. Em comparação com 2011, verifica-se um aumento de quase 11% no total de registros. Fonte: Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180/Dados Consolidados - 2012 – Presidência da República. www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/uploads/2012/08/SPM_RELATORIOLigue180NacionalAnual2012.pdf
§  Pesquisa domiciliar com aplicação presencial, realizada em maio de 2013 pelo Instituto Patrícia Galvão entrevistou 1.501 pessoas, em 100 municípios nas 5 regiões do país, escolhidos através de sorteio amostral. Os resultados evidenciam que:
    • Entre os entrevistados, de ambos os sexos e todas as classes sociais, 54% afirmaram conhecer uma mulher que já foi agredida por um parceiro e 56% conhecem um homem que já agrediu uma parceira.
    • 98% dos entrevistados afirmaram conhecer a Lei Maria da Penha.
    • 7 em cada 10 entrevistados consideram que as brasileiras sofrem mais violência dentro de casa do que em espaços públicos.
    • 69% dos entrevistados acreditam que violência contra a mulher não ocorre apenas em famílias pobres.
    • Cerca de 50% dos entrevistados, consideram que a forma como a Justiça pune não reduz a violência contra a mulher.
    • Para 86% da população as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica após a Lei Maria da Penha.
    • Os serviços de saúde e de justiça em apoio a mulheres vítimas de violência ainda são pouco conhecidos, apenas 40% disseram conhecer um número de apoio a mulheres vítimas de violência, sendo que 20% mencionam o 180.
Fonte: Percepção da sociedade sobre violência e assassinatos de mulheres – Instituto Patrícia Galvão e Data Popular - www.spm.gov.br/publicacoes-teste/publicacoes/2013/livro_pesquisa_violencia.pdf
§  Dados publicados em 2013 pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), informam que aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados por sua parceira. No período de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios no Brasil, o que equivale a, aproximadamente, 5.000 mortes por ano. No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras (61%). No Nordeste, a taxa de feminicídios foi de 6,9 por 100 mil mulheres, entre os anos de 2009 e 2011. Pernambuco aparece entre os cinco Estados brasileiros com maior numero de homicídios de mulheres no país, com Taxas de feminicídios de 7,1 por 100 mil mulheres. Fonte: Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil - Leila Posenato Garcia, Lúcia Rolim Santana de Freitas, Gabriela Drummond Marques da Silva, Doroteia Aparecida Höfelmann (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/Repositorio/23/Documentos/130925_sum_estudo_feminicidio_leilagarcia.pdf.

A Campanha
A Campanha Brasileira do Laço Branco tem o objetivo geral de sensibilizar, envolver e mobilizar os homens no engajamento pelo fim da violência contra a mulher, em consonância com as ações dos movimentos organizados de mulheres e de outros movimentos que buscam equidade e direitos humanos.

Serviço
A Campanha do Laço Branco é organizada por um comitê formado por organizações de todo o país: Instituto PAPAI; Núcleo de Pesquisas Gema (Programa de Pós-graduação em Psicologia/UFPE); Instituto Promundo (RJ), Instituto NOOS (RJ), Ecos e Coletivo Feminista (SP), Núcleo Margens/UFSC e Themis (RS).

Contatos
Sirley Vieira (Instituto PAPAI) – Fone: (81) 82551627 / (81) 8836.8043
Telma Low Túlio Lopes (GEMA/UFPE) – Fone: (81) 8896-6229 / 9990-3013
Fernanda Ximenes (Abrapso - PE) – Fone: (81) 9699 9662

Benedito Medrado (UFPE): (81) 9922.9922

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

Não tem sobrado muito tempo pra escrever no blog desde que comecei o mestrado... Aulas, texto pra entregar... Fora isso, tem as consultorias, a militância, a vida pessoal... Ufa!
Nesse meio tempo um tanto de coisas também aconteceram, entre elas a minha vivência com a Síndrome do Ninho Vazio, que ainda estou aprendendo a lidar. Depois vou contar no blog EsseTalClimatério como está sendo. Mas isso é uma outra história.

Hoje quero voltar escrever e escolhi para isso a notícia que li neste sábado (15/02) sobre a linda atriz canadense Ellen Page, que se declarou lésbica durante a conferência "Time to Thrive", organizada pela Human Rights Campaign.
Durante o seu discurso, Ellen disse: "Estou cansada de me esconder e estou cansada de mentir por omissão. Estou aqui hoje porque eu sou homossexual. E porque... talvez eu possa fazer uma diferença... para ajudar outros". São palavras lindas, mas muito cheias de sofrimento. Um pessoa que diz: "Meu espírito sofria, minha saúde mental sofria e meus relacionamentos sofriam", vivia certamente em agonia. Compartilhar essa dor e poder dizer "sou um de vocês" deve ter sido um alívio enorme e, ao mesmo tempo, maravilhoso para seus e suas fãs gays e lésbicas. AQUI você lê o discurso na íntegra.

Foto: The Source
Ninguém tem nada a ver com quem as pessoas trepam, dormem ou se relacionam sexualmente. Se o vizinho é gay, se o ator é bissexual, se a sua melhor amiga é lésbica, se aquele deputado gosta de homens, se a ministra vive com uma mulher ou se você é... pansexual! Isso não é da conta de ninguém.
Declarar-se homossexual não deveria ser notícia. A orientação sexual de alguém ou a sua identidade sexual não deveria ser manchete de grandes (nem de pequenos) jornais. Contar que é lésbica deu a Ellen Page destaque em jornais de vários países e foi tão divulgado quase tanto quanto a sua indicação ao Oscar pelo filme "June".  

BocãoNews
No ano passado, quando Daniela Mercury assumiu publicamente o namoro e depois o casamento com a jornalista Malu Verçosa, foi amplamente divulgado, com direito a matéria especial em várias revistas de celebridades e fofocas, em colunas sociais e até no Fantástico. Ainda me pergunto por que o ex-marido de Daniela Mercury foi entrevistado, para saber o que ele achava ou deixava de achar. Vasculharam notícias de casamentos anteriores - com homens - foram em busca de declaração de familiares insatisfeitos ou como os filhos e filhas se sentiam. Não encontraram nada que desse alguma grande notícia criticando a vida privada de Daniela Mercury com seus namorados, namoradas, marid@s... ou ex!

  

Também recentemente Tom Daley - famoso astro britânico dos saltos ornamentais - declarou que vive com um homem e se rebelou contra a posição dos russos em relação ao amor entre iguais. Daley teve uma postura firme contra o preconceito e com sua declaração acreditou que pode estar ajudando na luta dos homossexuais. Por isso, em protesto contra a lei antigay da Rússia, ele não vai participar de uma competição da FINA (Federação Internacional de Natação) que acontece em Moscou, em maio. Eu gostei muito da atitude do atleta, divulguei nas redes sociais e ainda vejo com um gesto simbólico e político.

Tudo isso é importante para dar visibilidade à luta homossexual, à luta pelo amor entre iguais, para "naturalizar" as relações homossexuais. Mas é preciso lembrar que somente a pessoa pode - e se quiser - falar sobre a sua orientação sexual, sobre a sua identidade sexual.
Ser gay, bi, heterossexual, homossexual ou o que quer que seja, é um problema - ou uma solução - de cada um@. Ninguém tem nada a ver com isso.
Ou, como diz a canção: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".