segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia das Bruxas

A Inquisição surge na Idade Média, em torno do século XIII e foi comandada pela Igreja Católica Romana. Segundo a enciclopédia livre, o termo Inquisição refere-se a várias instituições dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. E foi criada inicialmente para combater o sincretismo entre grupos religiosos que praticavam a adoração de plantas e animais e se utilizavam de mancias, que são métodos de adivinhação. 
De acordo com o site da História da Inquisição, a origem da palavra vem do latim: Inquisitio Haereticae Sanctum Officium. É um termo que deriva do ato judicial de "inquirir", que quer dizer perguntar, averiguar, pois não havia tribunais naquela época e muitos eram condenados pela mão do povo.
A Inquisição da Igreja Católica Romana é uma página vergonhosa da história da humanidade, onde em nome de Jesus Cristo milhares de pessoas foram mortas, por representar uma ameaça à hegemonia católica, por discordar da política oficial. As justificativas eram as mais diversas: podia ser a frequência irregular à igreja, razões de cunho racista (especialmente com os judeus), excesso de banho e limpeza (alma suja e cheia de pecado?) e tantos outros motivos que a Igreja Católica decidisse. 

As torturas da Inquisição faziam parte do processo realizado contra os hereges
Cenas de tortura e de pessoas queimando nas fogueiras se repetiam e se tornavam frequentes à medida em que se estimulava que as pessoas condenadas por heresia, para alcançar algum benefício deveriam entregar os seus "cúmplices". 
A Espanha é citada como o país onde a Inquisição foi mais marcante e mais famosa na lembrança. Veja o que diz o site História da Inquisição, citado anteriormente:

  Em Castela, na década de 1480, diz-se que mais 1500 vítimas foram queimadas na estaca em conseqüência de falso testemunho, muitas delas sem identificar a origem da acusação contra elas. As prisões da Inquisição viviam abarrotadas de presos. As vítimas podiam ficar encarcerados durante anos sem ao menos saber o transgressão de que diziam ser culpados. A prisão era seguida de imediato confisco de todos os pertences dos acusados, enquanto o acusado definhava na cadeia, seus bens eram vendidos para pagar sua manutenção na cadeia. Se fossem soltos, estariam na mais completa miséria. Nas sessões de interrogatório os Inquisidores esforçavam-se para evitar o derramamento de sangue a que foram proibidos nas torturas. Idealizavam os métodos de modo a adequar-se às restrições prevalecentes. Havia a toca na qual se forçava água pela goela da vítima abaixo. Havia o potro, onde a vítima era amarrada num ecúleo com cordas, que podiam ser apertadas mais ainda pelo torturador. Havia a polia, em que amarravam-se as mãos das vítimas às costas e depois penduravam pelos pulsos numa polia ao teto, com pesos amarrados nos pés. Levantavam-na devagar para aumentar a dor e depois abaixavam-na bruscamente sendo seus membros deslocados. E havia outros procedimentos obscenos demais para serem transcritos. Reservava-se a pena de morte basicamente para os hereges não arrependidos, e para os que haviam recaído após conversão nominal ao catolicismo. Se ele se arrependesse nos últimos momentos na estaca, era "piedosamente" estrangulado antes de acenderem a fogueira. Se não, era queimado vivo.

Maleus Maleficarum. O Martelo das Bruxas ou Martelo das Feiticieiras, segundo a Wikipédia, era uma espécie de manual de diagnóstico para identificar bruxas, publicado em 1847 e dividido em três partes. A primeira parte ensinava os juízes a reconhecerem uma bruxa e seus disfarces. A segunda parte do Martelo das Bruxas, explicava e classificava todos os tipos de malefícios. A terceira e última parte mostrava como agir "legalmente" com as bruxas, ensinando como inquiri-las e condená-las. Diz ainda a enciclopédia livre, que o Martelo das Bruxas é provavelmente o tratado mais importante que foi publicado no contexto da perseguição da bruxaria do Renascimento.
Foi um tenebroso período de caça às bruxas, a maioria queimada e enforcada num período de quatro séculos: do século XV ao século XVIII. Em média, 75% das vítimas eram mulheres. Muitas dessas mulheres eram parteiras, curandeiras e sábias. Mas ousaram desafiar o poder dos homens. Por isso Bruxas, Histéricas, Loucas.

Neste Dia das Bruxas, quero prestar a minha homenagem a todas aquelas que arderam e queimaram nas fogueiras da Inquisição. E quero reafirmar a necessidade de seguir lutando contra todas as fogueiras que ainda teimam em nos colocar: preconceito, violência doméstica e sexual, machismo, lesbofobia e todo tipo de discriminação contra as mulheres. 

Saiba mais:

sábado, 29 de outubro de 2011

Fanatismo

Florbela Espanca
(Foto: www.google.com.br)

Minh'alma de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De perto alguém é normal?

A telenovela Tieta foi produzida e exibida pela Rede Globo em 1989, baseada no romance de Jorge Amado, intitulado Tieta do Agreste, escrito em 1977. A novela foi escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. 
Hoje vi um trecho da novela que anda circulando pela internet e pelas redes sociais que mostra Tieta (interpretada pela atriz Beth Faria) dialogando com o seu sobrinho e amante, Ricardo (vivido pelo ator Cássio Gabus Mendes), sobre o preconceito contra homossexuais. A conversa acontece porque o travesti Ninete (interpretado por Rogéria), chega à cidade e causa a maior polêmica. O texto é muito bom, principalmente se considerarmos a época em que a novela foi apresentada. Veja o trecho abaixo:




"De perto, ninguém é normal", como diz Caetano Veloso em Vaca Profana.

Respeito muito minhas lágrimas
Mas ainda mais minha risada
Inscrevo, assim, minhas palavras
Na voz de uma mulher sagrada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da manada
Vaca profana, põe teus cornos
Pra fora e acima da man...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas


Segue a movida Madrileña
Também te mata Barcelona
Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks
Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horiz...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca de divinas tetas
La leche buena toda en mi garganta
La mala leche para los puretas


Quero que pinte um amor Bethânia
Stevie Wonder, andaluz
Como o que tive em Tel Aviv
Perto do mar, longe da cruz
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s blues
Mas em composição cubista
Meu mundo Thelonius Monk`s...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Vaca das divinas tetas
Teu bom só para o oco, minha falta
E o resto inunde as almas dos caretas


Sou tímido e espalhafatoso
Torre traçada por Gaudi
São Paulo é como o mundo todo
No mundo, um grande amor perdi
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas, estamos aí
Caretas de Paris e New York
Sem mágoas estamos a...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Dona das divinas tetas
Quero teu leite todo em minha alma
Nada de leite mau para os caretas


Mas eu também sei ser careta
De perto, ninguém é normal
Às vezes, segue em linha reta
A vida, que é meu bem, meu mal
No mais, as ramblas do planeta
Orchta de chufa, si us plau
No mais, as ramblas do planeta
Orchta de chufa, si us...
Ê, ê, ê, ê, ê,
Deusa de assombrosas tetas
Gotas de leite bom na minha cara
Chuva do mesmo bom sobre os caretas...


E Vaca Profana na belíssima interpretação de Gal Costa.