domingo, 17 de julho de 2011

"Sou o assunto que conheço melhor." Frida Kahlo


Revista Marie Claire
Esse mês foi o aniversário de Frida Kahlo. 
Magdalena Carmen Frida Kahlo nasceu no dia 6 de julho de 1907, na casa dos pais em Coyoacán, um pueblo da periferia da Cidade do México. 
Frida se identificava tanto com a revolução mexicana que muitas vezes dizia ter nascido em 1910. Depois de 30 anos da ditadura do general Porfírio Díaz, Frida dizia que ela e o Novo México tinham nascido juntos. 
Desde muito cedo, aos dezesseis anos, Frida se identificava com o comunismo e aos 28 anos entrou para o partido comunista. Isso eu também gosto em Frida. Aliás, eu gosto de tudo em Frida. 
Ela é uma das minhas ícones favoritas do feminismo. Suas cores fortes, berrantes e de combinações consideradas exóticas estão espalhadas pelo México e é difícil saber onde não está Frida Kahlo. Suas roupas, sua exuberância, seus xales, suas joias. Tudo se mistura. Frida e México. O orgulho pelas raízes indígenas que ela expressava no modo de se vestir e nas cores que usava para pintar.
A vida de Frida, como já se sabe, foi marcada pelo sofrimento e pela dor, mas o que mais impressiona é a sua capacidade de superação. A poliomielite, o grave acidente que trouxe a dor física que a perseguiu até os últimos dias de sua vida, não a impediram de ser a pintora mexicana famosa, a mulher exuberante, forte. "E a sensação nunca mais me deixou, de que meu corpo carrega em si todas as chagas do mundo."
Frida viveu e amou intensamente. E produziu. Expressou dor e sofrimento em sua obra. A coluna quebrada, o surrealismo - que ela contestava - o coração sangrando (As Duas Fridas), um cervo perfurado por flechas, são partes do mundo das pinturas de Frida Kahlo: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos. Só pintei a minha própria realidade."

Frida e Diego
                                           
Sua relação com Diego Rivera é considerada por muitas pessoas como conturbada e polêmica. Eles se amaram e se machucaram talvez com a mesma intensidade. Os códigos que regiam a relação Frida-Diego só a eles pertenciam. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Ambos tinham temperamento forte. Ambos tinham amantes. Incontáveis relacionamentos extraconjugais. Ambos sofreram, cada um a sua maneira. "Diego está na minha urina, na minha boca, no meu coração, na minha loucura, no meu sono, nas paisagens, na comida, no metal, na doença, na imaginação."  Diego Rivera escreveu em sua auto-biografia que o dia da morte de Frida foi o mais trágico de sua vida. 
                                       
Duas Fridas - 1939 (Acervo Pessoal)

"Origem das Duas FridasRecordação. Devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha idade. (...) Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimentos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas secretos. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de todas as minhas coisas...''  (Diario de Frida sobre a tela Duas Fridas).

Frida é uma mulher que viveu à frente do seu tempo em muitos aspectos. Era uma mulher sexualmente liberada, moderna e assumidamente bissexual. Suas pinturas revelavam "imagens da intimidade mais secreta das mulheres: imagens de nascimento e aborto, órgãos internos à vista, entranhas do corpo feminino tornadas objeto de arte elevada. Kahlo se definia como "la gran ocultadora" e, de fato, seus auto-retratos exibem as feições de 'máscara' no perfil estático e altivo, resultado de exercício técnico de autocontrole que erigiu uma imagem infensa aos sentimentos, bem o contrário daquelas que proliferam no diário íntimo."

Frida escreveu pela última vez em seu diário: "Espero a partida com alegria... e espero nunca mais voltar... Frida."

Acervo pessoal - Biografia e Diario de Frida Kahlo





quarta-feira, 6 de julho de 2011

Lune de Miel


http://revistamarieclaire.globo.com
"O Brasil é uma das rotas preferenciais do turismo sexual no mundo. Despontou como destino entre as décadas de 1980 e 1990, quando o mercado asiático começou a ficar saturado. Até hoje, no entanto, a Ásia lidera como o principal destino de turismo sexual do globo, com destaque para a Tailândia, altamente problemática. Em seguida vem a América central, Caribe e América do Sul. Entre os principais destinos do turismo sexual no continente americano estão México, Cuba e Brasil." Assim começa a reportagem especial da jornalista Mariana Branco, do Correio Brasiliense, sobre o turismo sexual no Brasil.
A Organização Mundial do Turismo define como turismo sexual as "viagens organizadas dentro do seio do setor turístico ou fora dele, utilizando no entanto as suas estruturas e redes, com a intenção primária de estabelecer contatos sexuais com os residentes do destino".
Durante muito tempo a imagem apresentada no exterior sobre o turismo brasileiro era de puro apelo sexual, mostrando mulheres seminuas e bronzeadas, com insinuações sobre sexo abundante, fácil e barato. Vender o Brasil como o paraíso do sexo fácil, de mulheres calientes e ninfomaníacas já fez parte (e ainda faz, vide matérias sobre agências de turismo neste post) do 'pacote turístico'.
O turismo sexual no Brasil está diretamente vinculado a um outro problema: a indústria do sexo internacional, já que facilita o intercâmbio de muitas dessas mulheres e, consequentemente, o tráfico de seres humanos.

Faces de uma mesma moeda
Segundo a reportagem do Correio Brasiliense, 'o turismo sexual geralmente se apresenta em duas modalidades. A primeira são os chamados pacotes, vendidos por agências de turismo no Brasil e no exterior. Elas oferecem ao cliente a possibilidade de escolher previamente a menina ou adulta desejada por meio de vídeo ou foto. Tem sido cada vez mais frequente o turista escolher tudo via internet, nesses casos. O catálogo de garotas em papel vem perdendo espaço."
É com esse tipo de propaganda que o Brasil entra na rota do turismo sexual.
Segundo a revista MarieClaire em reportagem também especial sobre o tema, esse é o caminho mais curto e com garantia absoluta de combinar viagem com sexo. "Na rede, o cliente pode escolher a mulher antes mesmo de seguir viagem. As agências oferecem sigilo e algumas propõem a criação de um álibi, como um comunicado falso de trabalho, caso seja necessário driblar a vida doméstica."
A outra modalidade de turismo sexual apontada pela reportagem do Correio Brasiliense, "é aquela em que o interessado viaja por conta própria. Ele chega ao Brasil por intermédio de qualquer agência de viagem, em voo fretado ou comercial. Neste esquema, as mulheres se oferecem para o turista nas ruas e frequentemente entram em cena os facilitadores - taxistas, donos de barracas e vendedores que funcionam como intermediários, procurando meninas e mulheres caos o turista solicite. Como ganham dinheiro para fazer esse tipo de serviço, muitas vezes um percentual do que levam as garotas - cometem crime, e podem ser enquadrados por exploração sexual".
Essa 'máfia' do turismo sexual além de explorar meninas e mulheres envolve um gigantesco esquema de lucro para quem está por trás, como as agências de turismo, os donos de bares e restaurantes, além do tráfico de drogas que ajuda a movimentar todo esse comércio.
O turismo sexual é uma das expressões da violência contra meninas e mulheres.
Em 2010 no programa Fantástico foi mostrada uma Propaganda internacional sobre o turismo no Brasil que serve de exemplo sobre como as mulheres brasileiras são apresentadas no exterior. No comercial a agência ainda diz que: "Não é problema dela (a agência) o que eles (os turistas) vão fazer no Brasil".
É uma vergonha. Não é bonito e nem engraçado. E, além de tudo é racista.
É também do Fantástico (março, 2011) a reportagem investigativa sobre o Turismo sexual no Brasil  vendido na Alemanha, que mostra o Recife como parte da rota do turismo sexual. A boate (casa noturna, bar, pousada, restaurante... e o que mais mesmo?)  Bamboo é velha conhecida do turismo sexual em Recife, já tendo sido interditada por diversas vezes pela Diretoria de Controle Urbano - Dircon, da Prefeitura da Cidade do Recife.

Foto: http://www.mulherbeleza.com.br
Lune de Miel
Desde a primeira vez que vi o comercial das sandálias Havaianas fiquei encasquetada.
Lune de Miel.

Há quem afirme que o objetivo da propaganda
Lune de Miel é mostrar por meio das Havaianas, como é bom ser brasileiro, pertencer a um país cheio de alegria, cores e energia, otimista, solidário, que une várias culturas e etnias com festa e paz." (www.voxnews.com.br).

Mas eu pergunto: será que tudo que temos pra mostrar no Brasil são Havaianas e bunda?
Nada contra as sandálias que já viraram uma marca deste país, mas não dá pra reforçar um preconceito e um estereótipo da mulher brasileira.

Afinal de contas, como diz Rita Lee:
Nem! Toda brasileira é bunda
(Pagu: composiçao Rita Lee e Zélia Duncan)

Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira sabe o que é ser carvão
Eu sou pau pra toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Minha força não é bruta
Não sou freira nem sou puta

Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem

Sou rainha do meu tanque
Sou pagu indignada no palanque
Fama de porra-louca, tudo bem
Minha mãe é Maria ninguém
Não sou atriz, modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima

Porque nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem
Nem toda feiticeira é corcunda
Nem toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho que muito homem.



Para saber mais sobre turismo sexual: