sábado, 10 de setembro de 2011

Uma luta longa, árdua e feroz.

Espelho de Vênus
Desde a fundação do Partido dos Trabalhadores em 1980, as mulheres militantes do partido tem ocupado um papel de destaque investindo com a mesma garra na construção partidária e no feminismo. Lutando por igualdade entre mulheres e homens e contra a opressão de gênero. E construindo o partido, afinal de contas ele chegou até aqui também pelas mãos das mulheres. Vejamos.
No Brasil, a Segunda Onda do feminismo ganha força nos anos setenta, o que leva as militantes de esquerda ao enfrentamento contra o Regime Militar e a luta pela libertação das mulheres. Durante os 21 anos da Ditadura no Brasil, as mulheres estavam lá, lutando firmemente à frente dos movimentos populares de oposição. Muitos grupos de mulheres surgiram nos anos setenta fruto da luta pela igualdade, contra a Ditadura e pela Anistia.
O ano de 1975 é um marco histórico importante da luta das mulheres no Brasil e em muitos países. Naquele ano se iniciou o Movimento Feminino pela Anistia no Brasil e a Organização das Nações Unidas decretou 1975 como o Ano Internacional da Mulher, também reconhecendo o 8 de Março como o Dia Internacional da Mulher.
As mulheres são muitas, são diversas e são distintas e também por isso falar sobre movimento feminista é falar no plural, respeitando e reconhecendo a sua heterogeneidade e diversidade. Como já dissemos no blog o feminismo é ação política, teoria, prática e movimento.
Mário Pedrosa, Lélia Abramo, Sérgio Buarque
Em 1980 surge o Partido dos Trabalhadores, como resultado da luta dos movimentos sindicais, intelectuais de esquerda e uma significativa parcela de católicos ligados à Teologia da Libertação. E nesse contexto, é bom que se recorde, lá estavam as combativas mulheres desde a sua fundação.
Na foto ao lado, Lélia Abramo, atriz e escritora, uma das mulheres que ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores quando era presidenta do Sindicato dos Artistas.
Por estarem lá desde o início, as mulheres trataram de criar os grupos e comissões que depois passaram a instâncias partidárias, adquirindo status de secretarias de mulheres. A Comissão de Mulheres do PT/SP já em 1981 "propunha que o PT deveria comprometer-se com as lutas e as bandeiras das mulheres aprovadas nos fóruns amplos dos movimentos, e também que as petistas se incorporassem ao movimento autônomo de mulheres."
No final dos anos oitenta e coligado com outros partidos de esquerda, o PT assumiu várias prefeituras  e criou os primeiros organismos de políticas para as mulheres, atendendo à reivindicação das mulheres do partido que incluiu tais instâncias nos programas de governo durante as campanhas políticas. Essa foi uma conquista muito importante e contribuiu para que em 2003 o então presidente Lula criasse a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com status de ministério.
Agora o 4º Congresso Nacional do PT realizado entre os dias 2 e 4 de setembro em Brasília, aprovou a paridade entre mulheres e homens na composição das direções, delegações, comissões e cargos com funções específicas de secretarias. Essa resolução passa a valer a partir do próximo Processo de Eleições Diretas - PED no ano de 2013.
Não é a primeira vez que o Partido surpreende com a sua postura de vanguarda em relação às mulheres. Em 1991 o PT aprovou a política de cotas de 30% para as mulheres, sendo o primeiro a fazê-lo em toda a América Latina.
Portanto, é importante registrar que a política de cotas de 30% de mulheres nos cargos de direção - nas executivas e nos diretórios - nos anos noventa e mais recentemente a paridade no Partido dos Trabalhadores é resultado de uma luta longa, árdua e feroz que as militantes feministas petistas travam há anos. Como a memória da militância às vezes é curta, é preciso sempre lembrar aos visitantes e aos novatos que essa grande conquista só foi possível depois de muita luta das feministas organizadas no Partido. 



Sem dúvida que a Secretaria Nacional de Mulheres do PT, um coletivo composto por bravas e combativas militantes feministas tem um papel fundamental em todas essas conquistas. Sem esse coletivo tudo seria ainda mais difícil. E eu fico muito feliz e honrada de integrá-lo nesse momento histórico. Foi neste coletivo que debatemos e aprovamos a paridade e foi com esta posição política que a Secretaria Nacional de Mulheres do PT chegou ao 4o. Congresso. Porém, é importante e justo registrar aliadas fundamentais nessa trajetória de conquistas: dirigentes no Diretório Nacional e na Executiva do partido; parlamentares da bancada feminina do PT no Senado, na Câmara Federal e nos estados; feministas no poder executivo, nos três níveis e todas as mulheres que estiveram lutando ao nosso lado.
Por fim, é preciso dizer que a nossa luta não termina aqui. Temos muitos e enormes desafios pela frente. Um deles é a unidade em torno de pontos em comum, pois juntas somos mais. 
E de tudo uma certeza, a história do feminismo no Brasil tem a insígnia das mulheres do PT. 
Muito prazer.

Leia mais:
No PT, mulheres tomam o poder.
Mulher e Política: Gênero e Feminismo no Partido dos Trabalhadores
4o. Congresso do PT

2 comentários:

  1. Valeu, minha companheira de coletivo nacional...........E certamente que a "luta" continua......................
    Paula

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  2. Suely,
    Esta vitória deu vontade de comemorar, confraternizar e, principalmente, escrever para que não esquecer a história.
    Temos que escrever para não cair no esquecimento d@s individuos e coletivo.
    beijos

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