terça-feira, 28 de junho de 2011

Eu sou gay e tenho orgulho disso.

Orgulho gay: A história de um movimento
Hoje é o Dia Internacional do Orgulho Gay/Lésbico. Esse dia é comemorado desde 1969 quando gays, lésbicas e travestis reunidos no bar Stonewall Inn, em Greenwich Village, Nova York já cansados das humilhações e agressões sofridas todas as noites decidiram reagir à violência policial. Formaram barricadas e receberam reforços dos transeuntes que indignados gritavam palavras de ordem do tipo: "Basta de brutalidade policial", "Poder gay" e  "Eu sou gay e tenho orgulho disso" 
Há que se considerar que os anos sessenta foram marcados pela liberação sexual, pelos protestos à guerra do Vietnã, pelas primeiras manifestações dos movimentos feministas e negros. E foi assim que começou o Dia da Consciência Homossexual.
Em homenagem a esta data, o Coletivo Blogueiras Feministas hoje faz um chamamento para uma blogagem coletiva. E aqui vai a minha contribuição.
Bandeira LGBT (Imagem: Google)
Desde 1974 a Associação Norte-Americana de Psiquiatria deixou de considerar  a homossexualidade como um distúrbio mental e a decisão foi seguida por todas as entidades de psiquiatria e psicologia do mundo. 
No Brasil, somente em 1985 o Conselho Federal de Psicologia deixou de considerar a homossexualidade um desvio sexual e em 1999 estabeleceu regras para a atuação de psicólogos e psicólogas em relação às questões ligadas à orientação sexual.
No dia 17 de maio de 1999, finalmente a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que @s psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade. Ainda assim, o preconceito e a discriminação sobre a população LGBT persiste.

Por uma lei que criminalize a homofobia: O PLC 122
O Brasil ainda não tem uma lei que criminalize os atos discriminatórios contra homossexuais, lésbicas, travestis e transexuais. Há uma luta de ativistas dos movimentos LGBT para que o PLC 122/06, que torna crime a discriminação contra homossexuais, idosos e deficientes, mais conhecido como o projeto que criminaliza a homofobia seja finalmente aprovado. O Projeto de Lei da Câmara Federal 122/06 é de autoria da então deputada Iara Bernardi/PT e foi aprovado na Câmara em dezembro de 2006. A proposta altera a Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, que tipifica “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A proposta de Iara Bernardi inclui entre esses crimes o de discriminação por gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero. O texto foi aprovado na Câmara em 2006 e até agora não foi analisado pelos senadores. 

É cada dia mais evidente a necessidade de uma lei que puna a homofobia e a discriminação contra a população LGBT. Certamente uma lei não vai conseguir acabar com o preconceito, mas as manifestações homofóbicas, os xingamentos, os crimes e todos os tipos de violência serão coibidos. 
A Constituição Federal diz que o Estado brasileiro é laico, mas o principal impedimento para aprovação do PLC 122 é exatamente a bancada fundamentalista, especialmente a evangélica que se treme só de pensar que não poderá mais manifestar reações homofóbicas em suas pregações. 
O projeto é uma reivindicação histórica do movimento LGBT e está em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário. Em seu Artigo  a Declaração diz que: "Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, tem direito a igual proteção da lei. Todos tem direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação". 
A violência contra homossexuais é muito forte em nosso país. Praticamente todos os dias há notícias na imprensa sobre alguma agressão sofrida pela população LGBT. E o pior é que a violência parte também de quem deveria oferecer segurança. Uma pesquisa sobre violência contra homossexuais realizada em Campinas, em junho de 2010, mostrou que policiais militares e guardas municipais estão entre os principais agressores de lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais. O Mapa da violência e discriminação LGBT, elaborado pela prefeitura de Campinas, registrou 290 casos de agressão, incluindo "agressões verbais". Chama a atenção que dessas agressões, 51 foram cometidas por policiais militares e guardas municipais da região. O estudo foi realizado entre janeiro de 2005 e maio de 2010. Dos 290 casos, quatro resultaram em morte.

 (Sean Penn em cena do filme "Milk - A voz da igualdade)
Como se pode ver, a homofobia mata. E não somente no Brasil. Em mais de oitenta países a homossexualidade é considerada ilegal e punida com a pena de morte em outros cinco. Esses dados são do relatório divulgado pela ILGA - Associação Internacional de Gays e Lésbicas e foi o terceiro estudo sobre a homofobia no mundo elaborada pela entidade (2009). A homossexualidade é punida com pena de morte no Irã, Mauritânia, Arábia Saudita, Sudão, Iêmen e algumas regiões da Nigéria e Somália.
Para encerrar, deixo o trailer do filme Milk - A voz da Igualdade (2008, Estados Unidos), que mostra a trajetória de Harvey Milk, vivido por Sean Penn. Milk é um nova-iorquino que se muda com o companheiro Scott (James Franco) para São Francisco, na Califórnia, onde eles abrem um pequeno negócio - uma loja de revelação fotográfica. A história se passa nos anos setenta e retrata de maneira fiel a luta de Milk em busca de direitos iguais e oportunidades para todos, sem discriminação de orientação sexual. E, na luta contra o preconceito, Milk consegue ser eleito para o Quadro Supervisor da cidade de São Francisco em 1977, tornando-se o primeiro gay assumido a alcançar um cargo público importante nos Estados Unidos. 
Ser homossexual não é crime e nem é doença. 
Pelo fim de todo tipo de discriminação e pelo fim da homofobia.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Nenhuma mulher deve ser presa ou punida por fazer um aborto.

Foto 1: Yo también he abortado
Infelizmente a ilegalidade do abortamento no Brasil coloca em risco todas as mulheres que necessitam interromper uma gravidez. O que seria um procedimento simples do ponto de vista médico, torna-se arriscado em um país que criminaliza as mulheres por fazerem um aborto.
Aborto não é caso de polícia. É um problema de saúde pública. É um equívoco tratar o aborto como uma questão de politica criminal. Mesmo assim, as mulheres seguem sendo penalizadas. Aquelas com baixo poder aquisitivo sofrem com as sequelas da ilegalidade, muitas vezes arriscando a própria vida. As mulheres que tem ou conseguem dinheiro para fazer aborto numa das tantas clínicas clandestinas espalhadas por esse Brasil afora, correm o risco de ser presa e de sair algemada da sala de espera.
No Brasil há uma crescente e ofensiva onda em relação ao aborto, que se reflete nos ante-projetos de lei que tramitam na Câmara de Deputados e no cerco policial a essas clínicas. Intensifica-se a repressão e a cada dia surgem novas notícias de prisões e de fechamento de clínicas que realizam aborto.  
Essa perseguição é resultado de uma ampla aliança dos partidos conservadores e de direita com os partidos de esquerda (ou ditos de esquerda) que abrigam em seu interior religiosos e reacionários como o deputado  Luiz Bassuma, expressiva liderança da Frente Parlamentar anti-aborto. Reflete o crescimento de bancadas de parlamentares evangélicos. Sempre me pergunto, se o Estado é laico, por que diabos esses caras são eleitos e reeleitos a cada eleição? A resposta pode ser simples, considerando que as eleições no Brasil são cada vez mais caras, que os interesses desses setores conservadores não podem estar em jogo e que o parlamento ainda é um lugar extremamente misógino.  

Eu aborto. Tu abortas. Somos todas clandestinas.
Data de 1940 a lei que transforma o aborto em crime no Brasil, quando entrou no Código Penal. Os dois únicos casos permitidos por lei desde então são: quando a gestante corre risco de vida ou quando a gravidez é resultante de estupro. Nenhuma mulher deve ser presa, ficar doente ou morrer por abortar.
É tudo tão hipócrita que dados de 2007 apontam que no Brasil são realizados um milhão de abortos clandestinos por ano, segundo relatório da Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF). A estimativa é que 19 milhões de abortos clandestinos seriam realizados (2007), quando o estudo estava sendo divulgado, provocando a morte de 70 mil mulheres. Segundo esse estudo, no Brasil ocorrem um milhão de interrupções de gravidez de forma insegura a cada ano e, de acordo com Maria José Araújo à época coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, "os abortos ilegais são responsáveis pela morte de 180 a 360 mil mulheres por ano no país." E é claro que no quesito morte por abortamento são as mulheres pobres que preenchem as estatísticas. Pobres, jovens e nordestinas são as mais vulneráveis segundo as pesquisas. Essa é uma das razões que levaram os movimentos feministas a realizar campanhas com os dizeres: Nenhuma mulher deve ser presa ou punida por aborto
As mulheres fazem aborto mesmo sendo ilegal. E vão continuar fazendo. Seja nas clínicas com fachada de consultórios médicos, seja usando os métodos inseguros e insalubres.
Luto para que as mulheres tenham o direito de decidir. Luto para que o Estado garanta esse direito e ofereça as condições para realização do procedimento. Luto para que a sociedade respeite essa decisão.


Foto1:cartaz Yo también he abortado
Foto 2:cartaz Eu aborto. Tu abortas. Somos todas clandestinas

domingo, 12 de junho de 2011

Marcha das Vadias em Recife

Fui à Marcha das Vadias em Recife. Cheguei cedo à concentração. Tudo concorria para não dá certo. O dia, o horário e o local. Sábado à tarde e Praça do Derby. Uma praça cortada por um corredor de ônibus.
Tinha um outro porém: a organização. Um rapaz de nome Jesus (que usava bata e uma coroa de espinhos) se auto-denominava coordenador da Marcha das Vadias em Recife.
Mas vamos aos fatos. A Marcha foi divulgada basicamente pelas redes sociais. Na concentração havia algumas articulações locais feministas, como a Articulação de Mulheres Brasileiras e o Movimento Feminino Popular fazendo oficina de pintura de cartazes. Quanto às palavras de ordem, pode-se dizer que eram pra lá de criativas.
Desde a concentração havia muita gente jovem. Estudantes universitários. Várias mulheres davam entrevistas para rádio, jornal e tv locais. Muitos homens. Não entendi bem porque mas alguns estavam "fantasiados" de mulheres. Com top e maquiagem.
Achei muito legal a adesão dos homens à Marcha das Vadias em Recife. Ajudaram a dar forma e matizes diferentes.
Talvez Jesus tenha carregado um pouco nas tintas, o que fez com que boa parte das notícias sobre a Marcha no dia seguinte quase virassem uma biografia do Cristo.
Mas até isso fez parte. Faz a gente pensar sobre representação e representatividade, afinal de contas, era uma Marcha das Vadias, com apoio e simpatia dos vadios.
Imperdível a chegada das sempre irreverentes Loucas de Pedra Lilás, grupo de teatro feminista. Vestidas de ovelhas cor de rosa e com palavras de ordem, as Loucas "roubaram a cena".
Na hora de sair, já com os cartazes prontos e em punho, percebi que não havia nenhum tipo de equipamento de som para seguir na Marcha. Nem megafone, nem microfone. Ia ser mesmo no grito. E assim foi. Ou melhor, fomos. Vadiando pelas ruas de Recife.
Vadias protestam contra o fim da violência

A Marcha das Vadias de Recife foi colorida, irreverente, animada e divertida. Mas também deu o seu recado, com militantes feministas alertando para a violência contra as mulheres, contra a opressão, pelos direitos sexuais e reprodutivos e contra o machismo.
"A marcha das vadias foi linda!! Libertária! Feminista!! Anárquica, abusada, alegre, contou com a solidariedade ativa de muitos rapazes criativos e ousados, foi o máximo!!! Vou dormir feliz! E sábado estarei na marcha da liberdade!" Ana Paula Portella . Com essa fala que resume a nossa Marcha, encerro esse post.














Referências:
http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/grande-recife/noticia/2011/06/11/marcha-das-vadias-arrasta-cerca-de-200-pessoas-no-recife-277224.php

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/06/homens-e-mulheres-promovem-marcha-das-vadias-em-recife.html

http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_noticia.php?codNoticia=9330

Fotos: Suely Oliveira

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Flor do Deserto

A Mutilação Genital Feminina é uma prática tradicional na África Sub-Saariana e no Médio Oriente e inclui a ablação completa ou parcial do clitóris o que leva muitas vezes à morte. O sofrimento das meninas é impressionante. Dor. Hemorragias prolongadas. Infecções. Tudo é feito sem anestesia e nenhum tipo de higiene. Lâminas, facas, tesouras. Qualquer um desses objetos cortantes pode ser usado para extirpar o clitóris, órgão cuja única função é dar prazer às mulheres. A prática varia de acordo com a cultura e os costumes, mas em geral consiste na mutilação do clitóris e dos lábios vaginais.
Na tradição de Mali o céu fecundou a terra antes de sua excisão dando origem ao chacal semeador da desordem no mundo. Assim, a criança nascida de uma mulher não excisa vem anunciar a desordem e o azar. http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/mutilacao_feminina.htm

Essa é apenas uma das justificativas. Há quem acredite que os órgãos sexuais femininos são impuros. Outra lenda reza que melhora a fertilidade ou que desencoraja a promiscuidade.
O fato é que a Mutilação Genital Feminina ainda é uma triste realidade em muitos países da África e do Oriente Médio. Com a imigração a MGF também tem acontecido alguns países da Ásia, da Europa da América do Norte e da América Latina. Segundo a Organização Mundial de Saúde cerca de 3 milhões de meninas são mutiladas a cada ano.  http://youtu.be/kBK8ljZ5G-E


Flor do Deserto.
A ex-modelo somali  Waris Dirie deixou o mundo estarrecido entre 1996 e 1997 ao falar abertamente durante uma entrevista sobre o seu drama pessoal que é também a história de sofrimento de 135 milhões de meninas e mulheres. 
Foto: http://sul21.com.br/jornal/2011/04/waris-darie-uma-guerreira-contra-a-mutilacao-genital-feminina/
Ela tinha cinco anos quando foi mutilada. Teve o clitóris cortado e também os pequenos lábios. Aos 12 anos foi vendida pelo pai para se casar com um homem de 60 anos. Waris resolveu fugir e ficou por dias viajando pelo deserto até chegar à Mogadício, capital da Somália.
Conseguiu chegar à Londres e durante um tempo trabalhou como doméstica. Depois trabalhou limpando o chão de uma loja da McDonald. Casou-se por conveniência para obter o visto inglês e não ser deportada.

http://www.desertflowerfoundation.org/

Aos 28 anos, já como modelo e durante uma entrevista à revista Marie Claire, ela contou a sua história. Waris se tornou embaixadora da ONU na luta contra a Mutilação Genital Feminina. Em 2002 Waris criou a Fundação Flor do Deserto, que realiza pesquisas, promove campanhas e ajuda mulheres que sofrem do mesmo drama. Essa história é contada no belíssimo filme Flor do Deserto, de Sherry Horman (2009). 
O trailer dá uma ideia da força que o filme tem.
Igualmente forte o trecho da fala de Waris Dirie, vivida por Liya Kebede. http://youtu.be/qIKdQpR7a9Q


Guiné-Bissau proíbe Mutilação Genital Feminina.
Essa foi a boa notícia que li essa semana. O parlamento de Guiné-Biassiu decidiu legislar sobre a proibição da Mutilação Genital Feminina no país cuja prática atinge 45% da população.
Que a nova lei sirva de exemplo para outros países, incentivando o fim dessa prática e abrindo um outro  horizonte na vidas das meninas e mulheres ameaçadas pela Mutilação Genital feminina.  


domingo, 5 de junho de 2011

Marcha das Vadias

Tudo começou em Toronto, no Canadá em janeiro de 2011. Era uma palestra sobre segurança no campus e um policial disse às alunas que elas evitariam um estupro se não se vestissem como vadias. "Sluts." Foi o estopim da bomba. As mulheres se sentiram ultrajadas e consideraram que aquilo era uma declaração oficial de responsabilização da vítima e exigiram uma retratação.
É a velha história. A pergunta que muitos policiais faziam no Brasil (será que ainda fazem?) quando uma mulher estuprada chegava à delegacia para fazer o Boletim de Ocorrência. "Qual a roupa que você estava usando?"

A declaração do policial do Canadá causou tanta revolta que as mulheres resolveram protestar e foram às ruas, na primeira Slut Walk ou Marcha das Vadias. Cerca de 100 mil mulheres marcharam contra o abuso e o assédio sexual. Foto:Getty Imagem
Muitas vestiram lingerie, minissaia, cinta-liga e  outras roupas que desafiavam as declarações do policial, para dizer  que não é a vestimenta que leva os homens a estuprar as mulheres. 
A Marcha das Vadias é um movimento que cresce a cada dia e já aconteceu em mais de 20 cidades dos Estados Unidos e da Austrália. Ganha força também pela internet e pelas redes sociais.                                              
É o que sempre digo em relação à violência contra a mulher, especificamente o assédio sexual e o estupro. Para o imaginário popular, se um homem anda pelas ruas sem camisa, ele está com calor. Se uma mulher sai às ruas vestindo short, minissaia ou top ela está "querendo", ela está "pedindo". Não. As vítimas nunca estão pedindo para serem estupradas.
Já pensaram sobre isso?  As mulheres estão 24 horas vulneráveis aos ataques, assédios, piadinhas e cantadas de todo tipo. E isso independe da idade, da vestimenta, do local, do horário. É uma sensação péssima de vulnerabilidade. Lembro que uma vez, quando estava grávida do meu primeiro filho, andando pelas ruas de Recife, um homem disse uns impropérios quase no meu ouvido. Eu só consegui chorar.
Nós queremos ser respeitadas, independente da roupa que estamos usando. Queremos o direito de transitar sem sermos molestadas. Não aceitamos justificativas para nenhum tipo de violência.
http://delas.ig.com.br/comportamento/marcha+das+vadias+pretende+reunir+2500+em+sp/n1596999822933.html Trecho da reportagem:
Para Regina Facchini, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero PAGU, da Universidade Estadual de Campinas, o protesto é uma forma de quebrar o silêncio. “A Marcha das Vadias está ligada ao combate da violência sexual, seja estupro ou a episódios de violência como uma faculdade gritando em coro para a estudante Geisy Arruda que ela é uma vadia. É essa a questão que está ali colocada”, afirma a socióloga, que pretende participar da marcha. “Quando uma mulher se comporta de uma determinada maneira ou tem uma determinada aparência, regula-se o comportamento dela por meio da violência.”

No Brasil, a primeira Marcha das Vadias aconteceu neste sábado em São Paulo e, segundo jornais, reuniu cerca de 300 mulheres. "A nossa luta é todo dia. Somos mulheres e não mercadoria."


E o protesto continua. Várias capitais já tem agendada a sua Marcha das Vadias. As próximas acontecem em Recife e Belo Horizonte.

Mais:

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Operação hipócritas.


Nesta quinta-feira doze pessoas foram presas numa clínica de aborto na zona sul do Rio de Janeiro. Eram médicos, funcionários e duas pacientes que ali estavam para fazer o procedimento de interrupção da gravidez.
Os médicos e os funcionários foram autuados em flagrante pelos crimes de prática de aborto. As duas pacientes presas, que estavam na clínica para se submeterem ao abortamento, vão responder por consentimento de aborto, crime punido com prisão de um a três anos.
O mais incrível é a hipocrisia dessa sociedade.
As mulheres fazem aborto mesmo sendo ilegal. E vão continuar fazendo. Quem tem recursos busca as clínicas clandestinas. Quem não tem utiliza inúmeros métodos que põem em risco suas vidas.
É preciso que o aborto seja descriminalizado no Brasil.
A maternidade deve ser uma decisão livre da mulher e não uma imposição.
É preciso que o Estado garanta esse direito e ofereça as condições para realizar o procedimento de interrupção da gravidez.
"Nenhuma mulher deve ser presa, perseguida, humilhada ou maltratada por ter feito um aborto."
A "Operação Hipócrates", assim batizada em menção ao pai da medicina, deveria na verdade se chamar Operação hipócritas.

Mulheres Livres:
http://www.soscorpo.org.br/Adm/userfiles/Folheto_AMB_8marco2011.pdf
Plataforma para Legalização do Aborto no Brasil:
http://www.ipas.org.br/arquivos/plataforma_frente.pdf