Casualmente lendo as notícias vi que a loja C&A foi condenada pela Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul a indenizar em R$ 30 mil, por danos morais, uma ex-supervisora que foi filmada por uma câmara escondida no banheiro feminino de uma das lojas da rede.
A tal câmara foi descoberta em 2003 o que fez com que o Ministério Público do Trabalho investigasse o caso. Segundo matéria na Folha.com "O gerente envolvido foi demitido e várias funcionárias ajuizaram ação de danos morais, alegando terem sido vítimas das gravações. O banheiro, ainda segundo o tribunal, era usado como vestiário".
É óbvio que essa irrisória quantia não paga as humilhações sofridas por essa mulher e nem vai trazer de volta a sua auto-estima amassada ao longo desses oito anos de espera pela conclusão do processo.Não é a primeira vez que a C&A se envolve em denúncias e processos de violação de direitos humanos e trabalhistas. E se procurando, acha. Em setembro de 2008, a loja foi obrigada a indenizar funcionária demitida por ser "feia" e "idosa". Leiam a matéria na íntegra AQUI
No começo do ano (março, 2011) parecia que a loja tinha dado uma trégua na exploração. Assinou o Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo e parecia estar realmente engajada no enfrentamento do trabalho ilegal e degradante. Tudo isso está devidamente registrado como você pode ler AQUI
Mas já em novembro do mesmo ano, a loja foi condenada a pagar indenização por danos morais e horas extras a uma empregada que diariamente era submetida a revista na saída do expediente e trabalhava além das seis horas legais, sem desfrutar do intervalo para repouso e alimentação. Leia com detalhes aqui.
Onde foi parar o Pacto pela Erradicação do trabalho escravo eu realmente não tenho ideia, porque isso que a loja fez com essa empregada é exploração genuína - ou não?
"A prática da revista íntima por parte dos(as) empregadores(as) significa o controle sobre o corpo de trabalhadores e trabalhadoras, em diversas indústrias ou empresas, onde se destaca a da confecção. Importante segmento industrial do Rio de Janeiro, fonte geradora de emprego, registra uma taxa de mão-de-obra feminina da ordem de 90%: costureiras, passadeiras, arrematadeiras, empacotadeiras.
Por tratarem-se de peças pequenas, o controle é exacerbado.
No Rio de Janeiro, estão algumas das maiores e principais empresas da moda praia, de lingerie e de roupa íntima, como Du Loren, Poesi, Triumph e De Millus.
Esta última ocupou, no período entre 1986 e 1991, espaços na justiça e na mídia, pois, contra ela, concentraram-se denúncias de prática abusiva da revista íntima. Em resposta, foram desencadeadas pelas trabalhadoras da própria indústria e apoiadas pelo movimento feminista no Rio de Janeiro diversas manifestações, com repercussão em todo o País". (Solange Dacach)
E a C&A ainda vem com essa campanha: Abuse do seu poder.
Agora me diga se não é hora de novas ações ousadas contra o abuso de poder de lojas como a C&A?
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